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20050922

Eco (sobre o Flamenco, apreender a cultura & aprender a coreografia - fragmento nuclear)

Me sinto muito pequena em escrever assim, aqui, tão pouco tempo respirando essa arte, mas lá vai...
Me parecem a princípio duas coisas:
- quando a gente começa numa linguagem, a gente copia mesmo.
Aí, quem é elegante cita o/a autor(a) da coreografia.
Copiar tem seus méritos, algumas pinturas geniais chegaram até nós por conta do trabalho dos alunos que copiavam o estilo do professor-grande-mestre pra aprender e por vezes preenchiam os quadros e o mestre só ia lá finalizar e assinar, prática corrente até hoje. (Esculturas também!).
Copiar tem seus méritos, mas não para alguns não basta. Aos famintos resta o ralador e o caminhão de cocos, ralando um pouco por dia, se adonando e se entregando à linguagem, à estética, ao "ticoticotataticoticoticotacaumcaumcata",ao "aire".
E rezando pra Nossa Senhora da Coordenação Motora pra tentar abreviar o desentendimento das partes que fazem O Corpo.
- o espelho pode ser lastimável, quanta gente perde tempo se comparando com o outro na frente do espelho e deixando de perceber a si mesmo e os espaços que preenche e os espaços que cria.
Fica quase tudo preso na fôrma, criando um simulacro, um molde no mais das vezes vazio, onde a fórma esvanece.
Pra (se) enxergar, bacana mesmo é vídeo.
Existe o apelo da nossa sociedade alta-velocidade, tudo tem de ser rápido, tudo tem de alcançar um objetivo visível num tempo pré-determinado, tudo é competitivo e é cobrado e quem lida com o corpo integrado (corpo-emoção-pensamento) sabe que não é assim, há um tempo de maturação das coisas que varia de pessoa para pessoa.
Em se tratando de uma expressão cultural alheia, ainda temos de nos esforçar em estudar e compreender o contexto no qual se insere esta expressão.

Tem também a delicada questão da ÉTICA.
Fora tudo isso, excluindo um(a) professor(a) dedicado, ainda tem o olhar do aluno, que pode estar fazendo Flamenco pelos mais diversos motivos, e até estar pagando pra aprender uma coreografia, porque cada coreografia nova é como uma condecoração pra usar e pra exibir.
Não basta questionar os "ensinadores", há de se questionar/desafiar quem aprende.

A discussão desse tema já é conforto para os que permanecem acordados.

20050921

Córtex

Então, providos de uma caixa preta, cérebro, cismamos existir.
Um frágil equilíbrio, que pode ser deslocado até mesmo pelo sentido da cura.
A regra e a exploração consciente pode garantir alguma sanidade.
E a ida à quitanda também.


20050912

Aqui vamos brincar de juntar o que talvez pareça inconciliável.
Nem sempre o encaixe será perfeito, antes se fará provocativo.

Tenho uma cegueira causada pela predileção dos corpos em movimento.
Qualquer movimento, não.
O gracioso, cheio de vida e de intenção.
O que move corpo íntegro em desidério.
O que faz a mola, a fruição.