O que era difícil imaginar seria a associação (casamento?) de tantas artes cênicas moradoras dos teatros, muitas vezes do erudito com algumas manifestações de Momo.
Hoje ainda não tem ópera nem concerto no desfile de escola de samba do carnaval, mas ballet clássico já virou clichê. Com alguma sorte, vemos a presença de outras formas de dança interessantes, como Flamenco e Dança Classica Indiana (que são formas de dança teatro) e o samba das passistas já foi beber no Racks el Shark (dança árabe, dança do ventre).
Tem a ousadia de repetir perfeitamente uma coreografia mutante ao longo de 80 e tantos minutos. Muito planejamento, muito estudo, muito treino, heranças da disciplina das artes da ópera, das danças, para provar que disciplina traz encantamento e liberdade.
Priprioca. Este era o perfume e a estranheza do nome só poderia batizar uma essência de aroma particular capaz de identificar seu portador a bons metros de distância. Ela o usava diariamente e nem se dava conta dos rastos que deixava.
Morava em prédio pequeno, sem elevador. Quarto andar. Muitos degraus a subir ou descer. E, no contido espaço das escadas parte de seu perfume se fixava. O corrimão servia de suporte e receptor do aroma de suas mãos. E só poderia ser dali, do toque de outras mãos, que a essência da moça ficara conhecida pelos moradores.
Ela nem tomava conhecimento. Muito distraída. Tão distraída que, certo dia, apenas no trabalho,deu por falta de suas chaves. Todas elas. A do apartamento, da porta do prédio e do armário da escola. Preocupou-se, mas na certa esquecera em algum lugar da casa. Nem contaria ao marido. Chegariam juntos e assim que entrasse, vasculharia cada parte suspeita: gavetas, bolsos, bolsas, roupas da lavanderia, geladeira e lixo.
Procurou por toda parte.Nada encontrou. Resolveu tomar banho. Pensar melhor sob o chuveiro e, ao toque no registro, lembrou-se: havia trancado a porta pela manhã. Tinha certeza. A busca pela casa tornara-se inútil. Preocupou-se de verdade. Que teria feito das chaves?
Naquela noite, demorou a adormecer. Pensava na possibilidade de alguém invadir a casa e, ao mesmo tempo, planejava outra estratégia para não contar ao marido. Ele a criticava por ser distraída. Sairiam juntos e ela voltaria um pouco mais tarde, depois que ele já tivesse chegado.Assim, não precisaria das chaves.
O plano funcionou, mas sentiu que não poderia esconder a perda por muito tempo.Contaria tudo assim que tomasse banho. Ouviu a campainha. Não ligou. A presença do marido lhe pouparia o trabalho de atender.
Ao sair do banho, o marido a aguardava na porta . Foi um susto. Estava encostado na parede com suas chaves na mão...
- Você achou?
- Nem sabia que estavam perdidas, mas o rapaz do primeiro andar- o músico cabeludo - recebeu de uma senhora que as encontrou na porta da rua. Ela lhe perguntou se conhecia o dono e ele respondeu que sim.
- Ele disse que sim?
- Isso mesmo! Reconheceu suas chaves.
- Isto é brincadeira. Não há nada que me identifique e nem ao apartamento.
- Há sim ! O rapaz disse que sentiu o seu perfume. Que as chaves guardavam sua fragrância e ainda complementou perguntando:
-É priprioca, não é?
Naquela noite, a moça que se perfumava para dormir, contentou-se com o cheiro de banho. Dormiu tranqüila. O marido não.
Maria Alice Zocchio Publicado no Recanto das Letras em 16/03/2008 Código do texto: T903684
Não chore, não sinta, não viva - adormeça Não crie, não vibre, não brilhe - entristeça Não pense, não destoe, não ouse - esqueça Não ria, não ame, não perdoe - padeça Não pule, não brinque, não erre - envelheça Não brigue, não corra, não queira - adoeça Não questione, não cobre, não se esforce - permaneça
Role, dê a patinha, abaixe a cabeça. E para completar, como bom menino, Finja de morto e agradeça.
Tem o contato físico (carícia, abraço, beijo), tem a fome de contato físico (de um, do outro), tem a vibração (de um , do outro), e ainda tem (sobrando) o filminho que rola na cabeça dos envolvidos, que os tira da presença no agora e que costuma fazer com que contato físico tenha de ser um filmão, e faz o sexo se tornar uma masturbação: um se masturbando dentro do outro.
Tem lugar mais sensível na pele que arrepia, (lembrando que se o arrepio for parente da cócega, significa resistência em ser tocado) independente da `especialidade' da pessoa que faz carinho, que depende mais da sensibilidade de quem está recebendo (treino em receber carícia=contato pele na pele, quantidade de sensores táteis no local do corpo, confiança e intimidade com quem acaricia, a fome de contato físico e claro, onde é que estacionou o cabeção. Ah, tem também o local geográfico do encontro.) do que do poderio de quem está fazendo.
Em tudo, tem que se prestar atenção; prestando atenção estamos presentes, estamos agora.
Convívio acariciado não é igual hoje nem com a `mesma' pessoa 'de ontem', pois um e outro viveram mais um dia e se prestam atenção, tem noção de que se modificaram. (que ter consciência parece ser só para os raros).
A dita `monotonia' é amiguinha da `pegada', da `química': uma pessoa fica esperando a prestidigitação da outra... e o contato (a `pegada', a `química') fica `sofisticado' (sofisticado tem a mesma raiz de sofisma...)
Mendigando eternidades mendigos piden a mendigos lo ke no tienen ni pueden darse. Traspasar los siete mares espejismo tatuado laberinto de conciencia y nacen cantes. Ser errante bandolero de galaxias y fronteras infinitas cuanto viaje!!! cuanto viaje!!!
Coge las riendas al vuelo, aspira, mira, tira desde ras del suelo, lo ke de vida corazón ke palpite, sangre ke se agite y quite mierda ke te impida movimiento y movida
Temperamento ke crezca por dentro intenso y lento como fuego ardiendo al cien por ciento mente en blanco, puño al viento siéntelo como lo mueve, navegando, zig zag sentimientos elementos desatan momentos akí y así, para más intentos.
Falta esperanza ¡ avanza ! a pasos de gigante más guerra ke avanza el mundo está loco, elijo hablar y grito ¡levanta! ¡levanta! Quien no sabe el principio del final cristales rotos cada mañana gritos y ritos, causas, efectos, efectos y causas Siempre tiende-ende-ende, todo tiende-ende entiéndeme!! pal lao ke más nos pesa-esa o el lao ke más nos duele-ele Algo tiende-ende ay!!! siempre tiende veinte gramos pesan más ke toa mi suerte.
Música lanzando llamas recuerda miseria mordiendo tajante aleja la hoguera, la rabia, el impacto, la gloria por unos instantes pulmones cansados recogen oxígeno, vida, revelan talante mutantes, elásticos, tácticos, críticos, prosicosónicos, bruto diamante akí.
Hoje, dia de São Jorge, troque uma flor por um livro.
'Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.'
'que a paz, o amor e a harmonia estejam sempre presentes no meu coração, no meu lar e no meu serviço; meus inimigos terão os olhos e não me verão, terão boca e não me falarão, terão pés e não me alcançarão, terão mãos e não e não me ofenderão.
São Jorge vela por mim e pelos meus, protegendo-me com suas armas.
O meu corpo não será preso nem ferido, nem meu sangue derramado; andarei tão livre como andou Jesus Cristo nove meses no ventre da Virgem Maria.'
Sou feito banca de especiarias Jeito pimenta-rosa Um traço de cardamomo Fresca manjericão Azeda com fome ou sono. Posso ser carqueja pra algumas gentes. Não sou cor de canela não. Branca açúcar impalpável.
Me sinto muito pequena em escrever assim, aqui, tão pouco tempo respirando essa arte, mas lá vai...
Me parecem a princípio duas coisas:
- quando a gente começa numa linguagem, a gente copia mesmo.
Aí, quem é elegante cita o/a autor(a) da coreografia.
Copiar tem seus méritos, algumas pinturas geniais chegaram até nós por conta do trabalho dos alunos que copiavam o estilo do professor-grande-mestre pra aprender e por vezes preenchiam os quadros e o mestre só ia lá finalizar e assinar, prática corrente até hoje. (Esculturas também!).
Copiar tem seus méritos, mas não para alguns não basta. Aos famintos resta o ralador e o caminhão de cocos, ralando um pouco por dia, se adonando e se entregando à linguagem, à estética, ao "ticoticotataticoticoticotacaumcaumcata",ao "aire".
E rezando pra Nossa Senhora da Coordenação Motora pra tentar abreviar o desentendimento das partes que fazem O Corpo.
- o espelho pode ser lastimável, quanta gente perde tempo se comparando com o outro na frente do espelho e deixando de perceber a si mesmo e os espaços que preenche e os espaços que cria.
Fica quase tudo preso na fôrma, criando um simulacro, um molde no mais das vezes vazio, onde a fórma esvanece.
Pra (se) enxergar, bacana mesmo é vídeo.
Existe o apelo da nossa sociedade alta-velocidade, tudo tem de ser rápido, tudo tem de alcançar um objetivo visível num tempo pré-determinado, tudo é competitivo e é cobrado e quem lida com o corpo integrado (corpo-emoção-pensamento) sabe que não é assim, há um tempo de maturação das coisas que varia de pessoa para pessoa.
Em se tratando de uma expressão cultural alheia, ainda temos de nos esforçar em estudar e compreender o contexto no qual se insere esta expressão.
Tem também a delicada questão da ÉTICA.
Fora tudo isso, excluindo um(a) professor(a) dedicado, ainda tem o olhar do aluno, que pode estar fazendo Flamenco pelos mais diversos motivos, e até estar pagando pra aprender uma coreografia, porque cada coreografia nova é como uma condecoração pra usar e pra exibir.
Não basta questionar os "ensinadores", há de se questionar/desafiar quem aprende.
A discussão desse tema já é conforto para os que permanecem acordados.
Então, providos de uma caixa preta, cérebro, cismamos existir. Um frágil equilíbrio, que pode ser deslocado até mesmo pelo sentido da cura. A regra e a exploração consciente pode garantir alguma sanidade. E a ida à quitanda também.
20050912
Aqui vamos brincar de juntar o que talvez pareça inconciliável. Nem sempre o encaixe será perfeito, antes se fará provocativo.
Tenho uma cegueira causada pela predileção dos corpos em movimento. Qualquer movimento, não. O gracioso, cheio de vida e de intenção. O que move corpo íntegro em desidério. O que faz a mola, a fruição.